quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Um Brinde ao GarRafinha



Rafael Paiva: Sorriso contagiante, imã de amizade, humildade discreta, mas notória. Falava mais com os olhos que com a boca, amava com abraços e sinceridade, era sempre transparente e carinhoso. 

Sua alma amava intensamente e com o corpo expressava suas paixões: no físico saudável o barrel tatuado nas costas; na remada o antebraço estampava "Surf is my Life", no ombro o símbolo dos Raimundos e no lado esquerdo do peito o escudo do tricolor do Rio. Biotipo do típico carioca, de atleta, de boleiro, de quem gosta de surf, futebol, rock'n roll e altinha. Corpo de borracha seja pro hip-hop ou pro funk - comandava os passos no salão.

Quem via a alegria com que surfava as marolas do via 11 com seus impecáveis cut-backs no estilo clássico Tom Currem, quase sempre sobre uma Beto-Santos – ora sobre uma fish do Kitos - não imaginava o tamanho das bombas que dropava em quase toda temporada havaiana. Ele aproveitou de tudo que o surfe pode lhe oferecer e ofereceu tudo que o surfe lhe pediu. Sua vida era simples, mas simplesmente pelo surf!

Rafinha estudou Educação Física, mas se formou mesmo em Surf e foi pós-graduar na Escola da Vida ao redor do mundo, era mestre em humanidade. Gente que gostava de gente, nunca teve inimigos. Pelo contrário, sua capacidade de agregar amigos, e não poucas amigas, era única.

Generosidade de alma e do que mais era preciso sem acepção de pessoas. Dinheiro nunca foi problema pra ele, não porque tivesse muito, mas porque sua riqueza estava nas coisas mais simples da vida, na amizade, no esporte e na natureza. Tinha vida própria, mas a vida não era só sua. Rafinha era como um banco de poupança inesgotável pros amigos, e isso era uma alegria tão natural pra ele que ninguém se sentia tirando proveito ao lhe pedir um favor - isso era sinônimo de deixa-lo mais feliz. 

Observar o Rafinha era motivador e excitante, era como assistir um filme de Peter Pan, sempre em busca da terrado nunca, do tubo mais perfeito, da noite mais intensa, da dança mais engraçada, do amor mais platônico, ele tinha uma forte saudade da plenitude, da satisfação. Pessoa muito acessível mais tocar em sua alma era privilégio de poucos. E sou grato a Deus por ter tido o privilégio de desfrutar desta intimidade com ele.

Intimidade com ele era alegria ainda mais plena, fidelidade garantida, diversão certa. Tudo isso era mais garantido com ele do que na companhia do vinho mais antigo. Rafinha era bebida forte, mas descia redondo, tudo ficava um pouco mais interessante com ele. Felizes são aqueles que tiveram o privilégio de beber dessa fonte rara de alegria contida nesta GarRafinha. 
Hoje a ressaca tá difícil de passar. Alguém me disse que a garrafa esvaziou de todo. Difícil de acreditar. Mas minha memória me leva a enxergar diferente. Se desejo realmente o seu bem devo desejar que esteja onde agora está. Seria egoísmo desejar privar meu melhor amigo daquilo que ele mais buscou e que sempre representou: plenitude de alegria e vida na intensidade mais elevada.

Que alegria haverá maior do que na presença da Fonte e Origem de todo prazer. Que vida mais intensa do que a plena união com o próprio Autor da Vida. Deus olhou para o Rafinha e percebeu que a sede que ele tinha de satisfação era tão grande que não mais o permitiu perder tempo em lugares simplesmente bons. Ele o tomou para si e quem mais buscava a felicidade foi achado por ela.

A GarRafinha não se esgotou, ela foi diluída na fonte de todo o prazer. A partida do Rafinha hoje cumpre um propósito infinitamente maior do que sua vida. Porque hoje o Rafinha atrai nossa atenção para aquilo que sempre buscou e que agora encontrou: para Deus, para as ondas perfeitas do paraíso, onde não há dor. Para onde a vida sempre será intensa e plena de alegria. Hoje procurar ter intimidade com o Rafinha é procurar intimidade com Deus e assim, o Rafael se torna novamente uma fonte eterna e ainda mais aperfeiçoada de alegria e paz. Rafinha certamente se volta para Deus e diz junto com o filósofo Agostinho: Tu nos criaste para Ti e a alma humana não encontra descanso senão quando se volta novamente para Ti.

E nós não precisamos mais lamentar o esgotar do GarRafinha. Pelo contrário, ergamos copos ainda maiores para brindar eternamente a vida plena de intensidade que em Deus o Rafinha pode nos proporcionar.


http://www.revistasurfar.com.br/portal2/blog/?p=10973
http://ricosurf.globo.com/NoticiasRicosurf2.asp?id=15041

Satisfeito Pela Verdade - Por David Romer

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