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quinta-feira, 28 de abril de 2011

A Posição Cristã Sobre o Ato de Comer Carne

Esta excelente questão requer um cuidado todo especial, pois a própria Bíblia lhe faz uma abordagem vasta e delicada. Recomendo uma leitura parcelada devido à extensão da resposta. Segue como entendo o ponto de vista bíblico.

1. A CONDIÇÃO ORIGINAL PERFEITA:

Inicialmente Deus criou o universo com toda a natureza, os animais e o homem, estabelecendo entre eles uma estrutura relacional que inevitavelmente tornaria evidente o esplendor, a sabedoria e a beleza de Deus.

O homem foi criado como um ser especial, semelhante a Deus e que, em profunda comunhão com Ele, e em conformidade com Seu caráter reinaria sobre toda a Terra. O quadro é de perfeita harmonia em relação aos animais, sem hostilidade. Homem e animais viveriam inicialmente - NAS CONDIÇÕES ORIGINAIS E PERFEITAS - se alimentando de ervas, frutos e sementes [veja versos 26-31: http://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/1 ].

O homem era posto como representante responsável por toda a criação. Se procedesse corretamente, homem e natureza lucrariam, se corruptamente, todos perderiam.

2. A DESCONTINUIDADE:

No entanto o homem rejeitou a comunhão com Deus como parte necessária para executar seu governo sobre a Terra, desejando ocupar plena e autonomamente o lugar de Deus no reinado da Criação.

Acontece que além de representar uma injustiça que em muitos níveis atrai um justo juízo da parte de Deus sobre a humanidade, também automaticamente significa agir de forma antinatural, privando o universo de seu propósito original. A rejeição de Deus é a rejeição de unidade, harmonia, equilíbrio e vida, pois o propósito de Deus sempre foi governar todas as coisas com o homem, estando presente.

A natureza justa de Deus o força a separar-se completamente de todo ato ou autor de corrupção. E a realidade sofre uma alteração em toda a sua estrutura, como conseqüência deste afastamento de Deus. O homem tem todas as suas qualidades corrompidas, a terra é amaldiçoada e os animais se tornam hostis.

A terra produz os primeiros cardos, abrolhos e ervas daninhas, tornando difícil ao homem e aos animais obterem seu sustento. É inaugurada no meio animal a prática predadora e alguns deles passam a ameaçar ao homem. Por estas circunstâncias externas que geraram na humanidade a necessidade de proteção, e pela corrupção interna do homem, encontramos as razões iniciais de suas tendências malignas e cruéis em relação aos animais [veja versos 17-19 de: http://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/3 ].

3. PROMESSA DE RESTAURAÇÃO:

Diante do caos instaurado, Deus sofre ao notar o rumo que as coisas levaram e se vê diante de um dilema. De um lado sua justiça exige a punição definitiva do homem, o grande responsável pela desarmonia de toda criação, onde extirpar do universo sua presença é sinônimo de extirpar o mal. De outro, seu profundo amor e misericórdia pela humanidade o pressionam a descobrir uma forma de liberar um perdão justo a toda humanidade e restaurar a condição original de toda a criação.
O tempo de caos é prolongado ao invés de uma punição ser derramada de forma absoluta e definitiva sobre o homem, única e exclusivamente para que a SABEDORIA de Deus coloque em prática um plano de harmonizar sua JUSTIÇA com seu AMOR [veja:http://www.youtube.com/watch?v=4KLYI5yUXXc ].
Deus não mede esforços e executa um plano através do qual promete: purificar perfeitamente a humanidade e restaurar sua condição de plena comunhão com Deus; restaurar a perfeita harmonia entre homens e animais; restaurar toda a beleza e perfeição da natureza; e tornar este ambiente impossibilitado do acontecimento de uma nova queda. O novo Éden será chamado céus, e sua maior característica será o governo perfeito de Deus sobre um incorruptível universo [ veja versos 1-9 : http://www.bibliaonline.com.br/acf/is/11 ].

4. COMO VIVER NO CAOS:

Enquanto vivemos nesse período de oportunidade – onde Deus atura pacientemente o caos resultante de nosso afastamento dele para autonomamente governar a criação, a fim de podermos ter uma nova chance – enfrentamos uma série de dilemas.

Muitos de nós tendemos a compensar nossas falhas ao abraçar uma causa que não temos como dar conta, mas que não largamos por termos a impressão de ser uma das poucas coisas certas a serem feitas. O problema é que nunca seremos perfeitos em todas as áreas, porque a imperfeição é característica inerente nossa, desde que vivemos no mundo de Deus impossibilitados de ter comunhão plena com ele.

Isso não é verdade apenas sobre Hitler, mas sobre o religioso, o cristão, o pastor. A saída é encontrar a maneira real de se ter nova comunhão com Deus, é do contato com ele que retorna o equilíbrio e se entende a verdade.
Por isso a Bíblia nos revela que nesse período de caos e oportunidade, enquanto não somos julgados plenamente ou perdoados plenamente, vivemos debaixo da comunicação de duas verdades: as coisas não são completamente corrompidas, porque Deus as criou originalmente belas e perfeitas; e as coisas não são harmônicas e perfeitas, porque estamos distantes de Deus.

Deus sabe que apenas nos céus reencontraremos a perfeita harmonia onde viveremos debaixo de leis perfeitas que estaremos perfeitamente aptos a cumprir. Estas leis consistem nas leis que dão prazer a Deus e a nós e incluem, entre outras coisas, a convivência pacífica com os animais, ao invés de hostilidade.

Porém no tempo de caos Deus estabelece certas leis sem as quais não poderíamos continuar vivendo. Tratam-se das leis benevolentes de Deus, que em muitos casos não lhe traz prazer, mas são comunicadas ao nosso favor, “por causa da dureza de nosso coração”. É com base nessas leis de administração do caos que Deus, por exemplo, libera ao homem a carta de divórcio, quando a prioridade é o perdão até mesmo em caso de adultério; e o mesmo caso parece se aplicar à liberação de nos alimentarmos de animais.

Com base na estrutura natural presente – CAÓTICA – do universo, incluindo a dureza do coração humano, Deus libera que comamos sem culpa de alguns animais. Isso não representa justificar crueldade, caça por simples diversão e outras formas de sacrificar desmedidamente os animais, apenas representa que o problema original da corrupção humana é tão mais profundo e fundamental, que nos seria muito mais proveitoso resolver o problema em sua raiz, antes de nos preocuparmos por demais com os sintomas.

Para todo pecado inevitável que tentemos lutar contra, contando apenas com nossos esforços há a constatação de que o mais importante e termos certeza que estaremos entre os poucos que participarão dos novos céus e nova terra. Deus já nos disse que dará conta de restaurar definitivamente tudo. Cabe a nós nos preocuparmos em descobrir como ser restaurados e estar lá.

Os melhores de nós que conseguirem desde já viver de acordo com as leis que dão prazer a Deus, desde já desfrutarão de maiores benefícios, mas se é pesado demais seguir esse ritmo, que coma de bom grado sem culpa e sem colaborar com a maldade desnecessária. Nenhum de nós, nesta atual condição, conseguirá cumprir todas as leis que aprazem a Deus, e se levarmos esta questão adiante para outras áreas de nossas vidas seremos confrontados fortemente. Evitar os exageros e não colaborar com as brutalidades é o ideal, mas encarar a vida de forma realista ao invés de utópica, nos torna mais honestos diante de uma série de incoerências de nosso dia a dia: Não estaria me preocupando mais com o bem estar de animais do que pelo de pobres, órfãos, deficientes, oprimidos e viúvas?
Tenho por minha família mais cuidado do que por minha alimentação? Estou tratando dos sintomas ou da raiz do meu problema? Procuro barganhar com boas obras ou gratuitamente receber o perdão de Deus?

Particularmente, pela dureza de meu coração, no meio de tanto caos, não consigo abrir mão de certas liberações de Deus para esta presente vida. Tenho meus momentos terapêuticos através de um bom churrasco, e o faço sem culpa. Não foram poucas vezes que Deus reforçou esta palavra para seus discípulos e ao grande apóstolo Pedro, que especificamente passou por esta crise e ouviu de Deus: “não considere impuro o que Deus purificou” [ veja os versos 5-9: http://www.bibliaonline.com.br/acf/atos/11 ]. No entanto, admito e espero que Deus me fortaleça para não apenas nesta área, como em muitas outras, possa alcançar uma vida mais prazerosa a Seus olhos.



Satisfeito Pela Verdade - Por David Romer

4 comentários:

  1. Lindo texto que fala mais do que "comer carne, ou não" mas diz sobre que é ser cristão nesse mundo. Parabéns. Fico feliz em ter gastado esses instantes lendo. =)

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  2. Obrigado Rozi. Que Deus continue te usando e abençoando. Espero servir mais vezes como canal de bençãos para sua vida!

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  3. Amigo... tb acredito que temos que ter sede pela verdade! estamos juntos!

    abs

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  4. Estamos juntos Marcelo! Promovendo e compartilhando a verdade para que muitos encontrem a verdadeira satisfação!

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